terça-feira, 16 de junho de 2009

Restos...

0 comentários


Quando tudo tiver passado, ainda haverá algo em mim.
Recentemente estive com isso em mente e , assumo, não encontrei sentido nessa frase.
Tudo se torna passado de maneira tão abrupta e veloz que fico confuso ao olhar para trás e ver apenas a sombra disso que sou (?) hoje.
Dias sempre iguais, brisas sempre mesmas, sentimentos sempre tão certos e sempre tão duvidosos... será que quando tudo passar restará realmente algo em mim? Não sei. Não sei nem se o passado será passado um dia, tendo em vista que ele, as vezes, é mais presente que o fosco tempo de agora... agora que já não é mais.

Haverá algo em mim. Talvez de modo circular, haverá algo em mim do mesmo modo que há algo imutável e inominável aqui, bem fundo dentro de minha alma, preso no eterno agora.

Tudo que tenho agora é nada; um nada que está próximo a passar. Como então ele ainda permanecerá em mim? Como sombra qualquer, talvez.
Apenas algo indefinido que só se tornará visível através de alguma luz exterior. Luz essa que não sei de onde poderá nascer; nascerá junto com a manhã? Nascerá junto à aurora morta após o primeiro milésimo de existência? Ou será que simplesmente não nascerá? ... Dúvidas sem sentido, eu sei. São dúvidas que teriam menos sentido ainda se houvesse resposta a elas.
De pouco importa se algo me fará ver a extensão do nada ou se ele, o nada, ficará para sempre preso em algum canto escuro e sem janela de meu coração.

O vazio é sempre o mesmo, o agora é sempre o mesmo, o passado é sempre o mesmo e o futuro é um final sempre igual...

Em meio a tudo isso tenho vontade de fugir de meu caótico universo. E fujo. Escapo em falsos sonhos. Jogo lenha na imensa fogueira da esperança. Platonicamente me entrego à paz de sofrer em silêncio, de amar gritando que não há vazio àqueles que amam (sabendo que isso é mentira), me lanço em direção ao sol sabendo que irei morrer com a intensidade das chamas... e não lamento por isso. Isso é o que me resta. E é o melhor que houve em mim, será ainda o melhor que haverá em mim, e é o melhor que há em mim.
Não preciso de nada mais. Preciso apenas ter como amenizar a força do nada. Amenizo essa força com os restos de todos os meus sonhos e também com os sonhos restantes que estão por vir.

Quando tudo tiver passado me restará amor, e no amor me enganarei e me confundirei sem lamentar. E quando o amor não existir mais, restará resquícios de sonhos e uma grande sombra dum passado sublime. E quando o sonho passar não me restará nada... E é nesse nada que novamente haverá algo em mim...

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Ao inocente conformado

1 comentários


Você nunca sente a dor
da incessante busca pela verdade
Não tem sonhos em meio ao desamor
Nem acha abismos de falsidade.

Tudo que é belo morrerá
Toda alegria chorará
Porém você não sente... Não nota.

Todo pensamento corromper-se-á
Toda alma pútrida um dia será
Pois tudo morre... Nada se transforma.

Em sua inocência você ignora
Todo o vazio que te aflige
Adorando a mentira você ora
Não sente no peito a esfinge.

Toda ilusão é real
Se desprezas a realidade
Todo vazio é mortal
a quem vive sem ansiedades.

--------------------------------

Os dias passam e passam...
Números riscados no calendário.
Você não compreende a repetição...
É sempre segunda do mês de março.

Você em sua inocência vive.
Em sua ilusão tem respostas
A morte nunca te atinge
e os dias são mares de glória.

Eu em meu vazio morro
Em minha mediocridade me perco
Minh’alma pede constante socorro
meu corpo treme em desespero.

Oh, ignorância! És felicidade e és relativa...
Se eu qual você ignorasse o nada e o vazio
Ainda haveria esperança em meu corpo frio
E ao invés de Morte, teria Vida!