terça-feira, 8 de setembro de 2009

A Falta...



Não quero mais olhar tua imagem na foto em minha parede. Não quero mais pensar nos dias tão perfeitos que já não são mais; por enquanto. Parece que quando a inocência se esvai junto aos nossos sonhos, resta apenas um enorme pesar.

Teu corpo tentei em vão prender para sempre em meus braços e agora só há teu cheiro impregnado em mim; teus olhos fitei enquanto você dormia e agora só há a perdição de não poder tê-los mais, não poder amar você mais, não ser capaz de acompanha-la carnalmente talvez por dedicar de modo exagerado meu espírito a você...

Os lábios que beijei envenenaram meus desejos inúteis e impossíveis e a voz doce que ouvi dizer me amar ecoa como grito desesperado dentro do coração da minha alma, ecoa junto a tantas outras vozes incompreensíveis, tão incompreensíveis quanto o amor. Tudo isso aconteceu e acontece. O tempo todo... por quanto tempo?

Não quero mais a paz de fracassado que não sabe fazer nada além de viver na subjetividade idiota de sonhos mortos desde o primeiro despertar. Poderia eu dizer quem sou se não fosse a subjetividade? Seria eu feito dessa mesma matéria opaca da qual são feitos os sonhos?...
Não quero mais... Não quero mais... E é de tanto não querer que acabo querendo e crendo e buscando e amando mais... E é de tanto não querer sentir que acabo sentindo ardentemente, sofrendo , perecendo da mais agonioza amargura... Consequentemente acabo degustando da mais prazerosa alegria e da feliz certeza de que há algo que eu não queira e não querendo quero mais.

Quero sempre não querer para assim aprender a querer mais e mais.
Seja o que for.
Seja o que falta ou o que tenho.
Quero não te querer e por isso te quero mais que tudo.
Quero o sonho mesmo sabendo o quão doloroso pode ser o despertar.
Quero o mais amargo veneno para aprender a apreciar o mais doce dos vinhos.
Quero a penumbra da noite para aprender a admirar também a luz do dia.
Quero a sua falta para que assim a presença se faça mais intensa que qualquer outra.
Quero não querer teu amor... assim, sentirei sem querer e amarei com verdadeira inocência...
Assim, voltarei a pureza de tempos remotos.

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