sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Lorelei


- Olhos gatunos de lua cheia
Corpo exalando volúpia
Lábios como a morte – traiçoeiros
Braços de grilhões
e voz muda -.

A calmaria findou no momento
Em que as ondas cresceram na praia.
Subitamente, quando tudo era frio
Tão fácil, sem cor, monótono
Ela surgiu para mudar, colorir, enganar.

- Meus olhos aos dela flagraram;
Foi impossível escapar.
Leve sorriso em seus lábios
Envolveu meu espírito num abraço
Em silêncio começou a cantar -.

Maiores e maiores eram as ondas
E meus cinco sentidos se mesclaram
A canção inaudível me cegou...
Não desejei nada além de segui-la
Ao fundo... ao fundo de meus pecados.

- Meu corpo o dela sentiu;
E o êxtase beirou a loucura.
Sorrindo e cantando –muda- fugiu
Bela e encantadora mulher infantil
Amaldiçoada seja tamanha ternura -.

Não precisei mais respirar:
O amor que nutri foi maior que a vida.
Pude um instante tais lábios beijar
Já fundo demais... já tarde demais
Deixando-me e levando o mundo
Ela partiu...

- Olhos gatunos de lua cheia
Corpo exalando volúpia
Lábios como a morte – traiçoeiros
Braços de grilhões
e voz muda -.

Morrendo...
Afogado em teus feitiços
Entrego minh’alma
Amaldiçoada pelo amor
Ao vazio abissal do oceano
Em busca de paz...

Morrendo...
Vejo ainda teu sorriso
Sumindo... sumindo... sumindo...
Doce miragem...
Doce ilusão mortal...
Teu canto não me afeta mais.

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